Cidade grande

Quando se olha pela janela da cidade cinzenta,
Tudo parece um pouco igual
É nesse momento em que o vazio parece bater à sua porta
Seu corpo movimenta-se levemente pela casa friccionando o chão
Por vezes esbarrando na mobília
É o tédio de estar só
E por isso nada faz sentido
Caminhamos até o banheiro
Divagando como será o dia de amanhã
Que não chegará caso cometa alguma excesso
“Valerá à pena trocar uma vida inteira por um instante de prazer”?
Sentamos no sofá com um maço de cigarros amassado
Enquanto o cinzeiro cheio de filtros apagados
Descansa sobre a mesa de centro
Entre um trago e outro ligamos a televisão
Passamos pelos canais
Bebemos água lentamente para não engasgar
Lemos qualquer jornal ou revista
Para matar o tempo
Nada faz sentido
A vida parece estar se diluindo
E se dissipa facilmente como a fumaça:
Azulada que desliza suavemente pelo ar cinza
E toma formas diversas tocando o teto branco
A passividade é roxa semelhante à violeta murcha
Que está dentro do vaso no canto da sala
Assim como a vida é amarela de apatia
Seu corpo poderia ser qualquer coisa que desejasse
Nesse instante de solidão
Mas não
Isso jamais
A fumaça sai velozmente pela janela
Enquanto pensamos
Nesse ínterim:
Entre ficar parado olhando o nada e o movimento
Optamos pelo segundo saindo da anestesia
Quando levantamos do sofá
Pode ser noite ou o dia:
As coisas vão sempre se repetir…

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