Nossa Marcha

Troa na praça o tumulto!
Altivos píncaros – testas!
Águas de um novo dilúvio
lavando os confins da terra.

Touro mouro de meus dias.
Lenta carreta dos anos.
Deus? Adeus. Uma corrida.
Coração? Tambor rufando.

Que metal será mais santo?
Balas-vespas nos atingem?
Nosso arsenal é o canto.
Metal? São timbres que tinem.

Desdobra o lençol dos dias
cama verde, campos escampo.
Arco-íris arcoirisa
o corcel veloz do tempo.

O céu tem tédio de estrelas!
Sem ele, tecemos hinos.
Ursa-maior, anda, ordena
para nós um céu de vivos.

Bebe e celebra! Desata
nas veias a primavera!
Coração, bate a combate!
O peito – bronze de guerra.

Maiakóvski – 1917

Marx diria que os Homens fazem a História, mas não a fazem como querem.
O anjo da história, de Benjamin, ao olhar o passado não via acontecimentos, e sim, uma catástrofe de ruínas que se agrupavam aos montes indo em direção ao céu.
O anjo queria salvar os mortos, deter tudo aquilo… Em vão!
Os ventos do Paraíso conduziam-no à outra direção: o progresso.
Nossa marcha é realizada sobre os escombros do passado, sob a forte tempestade do futuro, mas não como queremos.
Nossas pseudo-asas ficam sempre abertas, devido aos ventos fortes. Mesmo assim, tentamos reconstruir o caminho para nossa passagem: tanto em tempos de paz, como nos de guerra; nos de amor, ou de cólera.
O caminho é longo e árduo com lágrimas e sangue.
E a destruição: sempre contínua…

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